terça-feira, 14 de agosto de 2007

LANÇAMENTO DA EDITORA OBJETIVA



Livro do escritor e letrista Francisco Bosco traz reflexões sobre o cotidiano, da paixão e do amor à música ao futebol
Estética, sexualidade, dança, jogos, lingüística, morte, música, comportamento, luto e artes marciais. Nos 26 ensaios reunidos em Banalogias (208 páginas-R$32,90-Editora Objetiva), Francisco Bosco filosofa, com bom humor e originalidade, sobre estes e outros temas do cotidiano. Ao mesmo tempo em que nos diverte, suscita a reflexão sobre os valores da sociedade contemporânea.
Bosco levanta questões como: por que odiar a figura de Michael Jackson, fruto da sociedade racista norte-americana?; por que nós, ocidentais, escondemos tatuagens pelo corpo no intuito de revelá-las?; ou, ainda, por que o carioca diz “vou te ligar” quando na verdade não vai ligar nunca?
Destacam-se também as referências do autor à banalização da cirurgia estética, que visa à adequação aos padrões aceitos; à moralidade da magreza – que representa o signo da urgência; e à imobilidade a que os playboys estão condenados, entre outros aspectos que permeiam nosso cotidiano.
Trechos de Banalogias:
O Indireto Afetivo na Linguagem do Carioca
“‘Vou te ligar, com certeza’ significa apenas ‘Gosto muito de você’. O não-cumprimento da promessa significa a consciência (mesmo que intuitiva) da impossibilidade de restauração da amizade, e o recalcado do diálogo é o mascaramento protetor de um afeto delicado. Pois a verdade nua e crua, desprotegida, poderia ser muito... constrangedora: ‘Rapaz, há quanto tempo! Veja, gosto de você, fomos muito íntimos, mas hoje somos bem diferentes, não acredito que possamos retomar a antiga cumplicidade (...).”
Tattoo You
“Nós não costumamos tatuar o rosto ou as mãos, e aqueles que tatuam o corpo inteiro são vistos como casos atípicos (...). Tatuamos a nuca, lugar protegido pelos cabelos. Tatuamos as costas, a virilha, o cóccix. Essa escolha dos espaços do corpo a serem tatuados resultará num poderoso erotismo, pois a tatuagem torna-se, desta forma, uma inscrição que produz uma segunda nudez: a tatuagem é uma intimidade mais íntima que a pele (...). É o nu do nu.”
Dialética dos Playboys
“Quando você for a uma festa de casamento e vir um bando de homens de 30 anos jogando o noivo para o alto, amarrando a gravata na testa, bebendo como se fosse o último dia de suas vidas, pode saber: você está diante de playboys convertidos. E este é mesmo o último dia da vida deles, pois o casamento, enquanto rito de maturidade, atualiza a seus olhos o ponto de suas apostasias, ponto em que tiveram de ingressar violentamente no mundo do trabalho, sem o desejo como mediação.”
SOBRE O AUTOR
Francisco Bosco é ensaísta e letrista, autor de Dorival Caymmi (Publifolha, 2006) e Da Amizade (7Letras, 2003), editor da revista Cultura Brasileira Contemporânea, publicação da Biblioteca Nacional, doutorando em Teoria Literária pela UFRJ e colunista da revista Cult.

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