Ao analisar o sentimento de culpa sob os aspectos pessoal, histórico, religioso e psicanalítico, Moacyr Scliar provoca o riso e a reflexão
Ao dissecar a culpa com paciência e sabedoria, o escritor e médico gaúcho Moacyr Scliar enlaça o leitor neste enigma: afinal, por que a culpa é um fenômeno universal, presente em qualquer cultura e tão demasiado humana?
Com conhecimento de causa e respaldado por uma sólida pesquisa, Scliar resgata as origens da culpa dos pontos de vista pessoal, histórico, religioso e psicanalítico. Em Enigmas da Culpa, o autor provoca o riso ao lembrar de situações tragicômicas e suscita a reflexão ao discorrer sobre Freud e Marx.
Para apresentar os mais variados aspectos da culpa no cinema e na literatura, Scliar recorre a Kafka, Dostoiévski, Woody Allen, Phillip Roth e Mel Brooks, entre outros artistas de origem judaica.
Trechos de Enigmas da Culpa:
“A mãe judia. Ah, a mãe judia. Eis uma personagem que vive na fronteira entre a realidade e a ficção, como mostram os livros de Philip Roth e os filmes de Woody Allen. É uma figura relativamente recente na história judaica. A mãe judia nasce nas aldeias da Europa Oriental. Permanentemente alarmada pela ameaça dos pogroms, da fome e da doença, ela recorria ao antídoto universal, a comida. Superprotetora, a mãe judia traduzia sua proteção no alimento. ‘Come!’ era a sua palavra de ordem. Se não tínhamos fome, tínhamos culpa. Se não comíamos, era a elas que estávamos recusando."
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"Tudo isto pode ser resumido em uma única palavra: compreensão. ‘O homem é o único ser capaz de sentir culpa’, disse o filósofo Martin Buber, acrescentando: ‘Mas é também o único ser capaz de iluminar a sua culpa.’ A culpa iluminada é a culpa domada. Iluminado, o dedo acusador da culpa deixa de ser um algoz para ser simplesmente um dedo, parte do nosso corpo, parte da mão que nos fez humanos."
"Tudo isto pode ser resumido em uma única palavra: compreensão. ‘O homem é o único ser capaz de sentir culpa’, disse o filósofo Martin Buber, acrescentando: ‘Mas é também o único ser capaz de iluminar a sua culpa.’ A culpa iluminada é a culpa domada. Iluminado, o dedo acusador da culpa deixa de ser um algoz para ser simplesmente um dedo, parte do nosso corpo, parte da mão que nos fez humanos."
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“A partir da melancolia, que comparava com o luto, ou seja, a perda de um ente querido ou de algo equivalente (a pátria, no caso do exilado), Freud elaborou conceitos fundamentais, incluindo o conceito de sentimento inconsciente de culpa. Que nasce quando, ‘durante um surto melancólico, o Superego insulta, humilha e maltrata o pobre Ego, ameaça-o com os mais duros castigos, recrimina-o por atos do passado mais remoto, que haviam sido considerados, à época, insignificantes’.”
“A partir da melancolia, que comparava com o luto, ou seja, a perda de um ente querido ou de algo equivalente (a pátria, no caso do exilado), Freud elaborou conceitos fundamentais, incluindo o conceito de sentimento inconsciente de culpa. Que nasce quando, ‘durante um surto melancólico, o Superego insulta, humilha e maltrata o pobre Ego, ameaça-o com os mais duros castigos, recrimina-o por atos do passado mais remoto, que haviam sido considerados, à época, insignificantes’.”
SOBRE O AUTOR
Escritor, médico e professor gaúcho, Moacyr Scliar é autor de mais de sessenta livros, abrangendo o romance, o conto e o ensaio, pelos quais recebeu inúmeros prêmios literários. Scliar é hoje um dos escritores mais representativos da literatura brasileira contemporânea. Os temas dominantes de sua obra são a realidade social da classe média urbana no Brasil e o judaísmo. Em 2003, o autor fez um estudo de fôlego sobre a melancolia européia herdada pelo Brasil – o livro Saturno nos Trópicos, lançado pela Companhia das Letras. No mesmo ano, foi eleito para a Academia Brasileira de Letras.
Scliar colabora com os principais veículos de comunicação do país, como Folha de S.Paulo, Zero Hora e Veja. Muitos de seus livros já foram traduzidos para os Estados Unidos, França, Alemanha, Suécia, Polônia, Japão, México, Israel, entre outros países, e adaptados para o cinema, o teatro e a TV.
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